Não têm passado despercebidas as constantes discussões de Liedson com Purovic. No final de cada lance em que vão ambos ao mesmo poste, para acorrer a um cruzamento, ou em que não se cruzam de forma a que um ceda a bola ao outro, lá ficam a tentar perceber o que correu mal. Pois bem, já é altura de o perceber: Purovic não é o tipo de jogador que mais convém a Liedson. Para poder aproveitar melhor a conjugação de mobilidade com oportunismo e agilidade que o caracterizam, o “Levezinho” precisa de outro avançado tão móvel quanto ele. Aliás, embora alguns até tenham conseguido alguma rentabilidade própria, nenhum dos avançados mais fixos que passaram pelo Sporting conseguiu tirar o melhor de Liedson (ver quadros nestas páginas).
No futebol português há uma tradição recente de “segundos avançados” que precisavam de um jogador fisicamente forte a seu lado ou uns metros à sua frente para poderem brilhar. Era o caso de Nuno Gomes, Sá Pinto ou João Pinto, por exemplo. A questão é que, embora goste de se mexer por toda a frente de ataque, embora não fixe a posição no centro, não seja por isso um avançado posicional, como Jardel, por exemplo, Liedson também não é um “segundo avançado”: é mais um Domingos do que um João Pinto. Para melhor aparecer, Liedson precisa de um companheiro igualmente móvel, que distraia os defesas adversários mas saia da frente na altura exacta em que o brasileiro se prepara para surgir em zona de finalização. A articulação destes movimentos leva tempo, mas foi em nome desta ideia que Paulo Bento estabeleceu uma hierarquia dos companheiros para Liedson no plantel leonino desta época: em primeiro lugar Derlei, em segundo Yannick e só no fim Purovic, que enquanto os quatro estiveram disponíveis passou alguns jogos sem sequer ir ao banco.
O montenegrino até pode ser o mais indicado dos quatro para jogar sozinho na frente, em 4x2x3x1 ou em 4x3x3, porque este é um esquema que pede mais do ataque posicional, que dá mais largura ao jogo da equipa e apela mais aos cruzamentos. Mas em 4x4x2 com o meio-campo em losango, esquema em que se abusa das combinações interiores e tantas vezes se pede aos avançados para caírem numa faixa, o seu futebol chega a parecer ridículo: são bolas de canela, são esforços infrutíferos para acorrer a passes para a faixa lateral e, como se tudo não bastasse, são inúmeros lances em que, por se movimentar na lógica do ponta-de-lança solitário, fica (ele e o seu marcador) a preencher a zona que Liedson quereria vazia para aparecer a concluir. É muito por estar forçado a jogar ao lado de Purovic que Liedson atravessa uma das maiores secas goleadoras que se lhe conhecem no Sporting. Com o montenegrino em campo, o “Levezinho” fez apenas dois golos, ambos em lances com interferência de Vukcevic: o primeiro ao Belenenses, num caso raro em que foram um ao primeiro poste e outro ao segundo, e onde o cruzamento é perfeito; o segundo ao E. Amadora, numa transição rápida após recuperação de bola a meio-campo, que deixou os dois isolados face ao guarda-redes. Isto passou-se a 16 de Setembro. Há quatro meses.Sem as primeiras opções e mesmo sem a possibilidade de ter um avançado no banco, Paulo Bento vacilou entre deixar Liedson só na frente – em quatro anos ainda não fez um jogo inteiro assim – ou chamar para ali Vukcevic. O que acaba por ser quase a mesma coisa: o outro montenegrino movimenta-se bastante, mas não no sentido que convém ao brasileiro. Vukcevic é um médio e não um avançado: não ocupa o centro do ataque, o que convém a Liedson, mas joga uns metros atrás dele, pelo que também não tira os adversários da área. Mesmo assim, foi o suficiente para se ver um Liedson mais rematador e três vezes à beira de comemorar um golo.
No futebol português há uma tradição recente de “segundos avançados” que precisavam de um jogador fisicamente forte a seu lado ou uns metros à sua frente para poderem brilhar. Era o caso de Nuno Gomes, Sá Pinto ou João Pinto, por exemplo. A questão é que, embora goste de se mexer por toda a frente de ataque, embora não fixe a posição no centro, não seja por isso um avançado posicional, como Jardel, por exemplo, Liedson também não é um “segundo avançado”: é mais um Domingos do que um João Pinto. Para melhor aparecer, Liedson precisa de um companheiro igualmente móvel, que distraia os defesas adversários mas saia da frente na altura exacta em que o brasileiro se prepara para surgir em zona de finalização. A articulação destes movimentos leva tempo, mas foi em nome desta ideia que Paulo Bento estabeleceu uma hierarquia dos companheiros para Liedson no plantel leonino desta época: em primeiro lugar Derlei, em segundo Yannick e só no fim Purovic, que enquanto os quatro estiveram disponíveis passou alguns jogos sem sequer ir ao banco.
O montenegrino até pode ser o mais indicado dos quatro para jogar sozinho na frente, em 4x2x3x1 ou em 4x3x3, porque este é um esquema que pede mais do ataque posicional, que dá mais largura ao jogo da equipa e apela mais aos cruzamentos. Mas em 4x4x2 com o meio-campo em losango, esquema em que se abusa das combinações interiores e tantas vezes se pede aos avançados para caírem numa faixa, o seu futebol chega a parecer ridículo: são bolas de canela, são esforços infrutíferos para acorrer a passes para a faixa lateral e, como se tudo não bastasse, são inúmeros lances em que, por se movimentar na lógica do ponta-de-lança solitário, fica (ele e o seu marcador) a preencher a zona que Liedson quereria vazia para aparecer a concluir. É muito por estar forçado a jogar ao lado de Purovic que Liedson atravessa uma das maiores secas goleadoras que se lhe conhecem no Sporting. Com o montenegrino em campo, o “Levezinho” fez apenas dois golos, ambos em lances com interferência de Vukcevic: o primeiro ao Belenenses, num caso raro em que foram um ao primeiro poste e outro ao segundo, e onde o cruzamento é perfeito; o segundo ao E. Amadora, numa transição rápida após recuperação de bola a meio-campo, que deixou os dois isolados face ao guarda-redes. Isto passou-se a 16 de Setembro. Há quatro meses.Sem as primeiras opções e mesmo sem a possibilidade de ter um avançado no banco, Paulo Bento vacilou entre deixar Liedson só na frente – em quatro anos ainda não fez um jogo inteiro assim – ou chamar para ali Vukcevic. O que acaba por ser quase a mesma coisa: o outro montenegrino movimenta-se bastante, mas não no sentido que convém ao brasileiro. Vukcevic é um médio e não um avançado: não ocupa o centro do ataque, o que convém a Liedson, mas joga uns metros atrás dele, pelo que também não tira os adversários da área. Mesmo assim, foi o suficiente para se ver um Liedson mais rematador e três vezes à beira de comemorar um golo.
OS MELHORES PARCEIROS PARA LIEDSON
Jogador Épocas Um golo a cada Totais
João Pinto 2003/04 30 minutos 30 minutos/1 golos
Lourenço 2003/04 69 minutos 481 minutos/7 golos
Pinilla 2004/05 a 2005/06 81 minutos 484 minutos/6 golos
Sá Pinto 2003/04 a 2005/06 94 minutos 1223 minutos/13 golos
Douala 2004/05 a 2005/06 128 minutos 1669 minutos/13 golos
Derlei 2007/08 135 minutos 269 minutos/2 golos
Bueno 2006/07 142 minutos 710 minutos/5 golos
Yannick 2006/07 a 2007/08 153 minutos 917 minutos/6 golos
Koke 2005/06 179 minutos 179 minutos/1 golos
Niculae 2003/04 a 2004/05 216 minutos 865 minutos/4 golos
Silva 2003/04 237 minutos 1423 minutos/6 golos
Alecsandro 2006/07 239 minutos 959 minutos/4 golos
Deivid 2005/06 a 2006/07 272 minutos 1362 minutos/5 golos
Purovic 2006/07 375 minutos 750 minutos/2 golos
Mota 2004/05 - 101 minutos/0 golos
Danny 2004/05 - 60 minutos/0 golos
Paez 2007/08 - 46 minutos/0 golos
Varela 2005/06 - 34 minutos/0 golos
Celsinho 2007/08 - 7 minutos/0 golos
E OS MAIS EFICAZES
Jogador Épocas Um golo a cada Totais
Alecsandro 2006/07 120 minutos 959 minutos/8 golos
Sá Pinto 2003/04 a 2005/06 175 minutos 1223 minutos/7 golos
Bueno 2006/07 178 minutos 710 minutos/4 golos
Deivid 2005/06 a 2006/07 227 minutos 1362 minutos/6 golos
Pinilla 2004/05 a 2005/06 242 minutos 484 minutos/2 golos
Derlei 2007/08 269 minutos 269 minutos/1 golo
Silva 2003/04 284 minutos 1423 minutos/5 golos
Douala 2004/05 a 2005/06 334 minutos 1669 minutos/5 golos
Purovic 2006/07 375 minutos 750 minutos/2 golos
Niculae 2003/04 a 2004/05 433 minutos 865 minutos/2 golos
Yannick 2006/07 a 2007/08 459 minutos 917 minutos/2 golos
Celsinho 2007/08 - 7 minutos/0 golos
João Pinto 2003/04 - 30 minutos/0 golos
Varela 2005/06 - 34 minutos/0 golos
Paez 2007/08 - 46 minutos/0 golos
Danny 2004/05 - 60 minutos/0 golos
Mota 2004/05 - 101 minutos/0 golos
Koke 2005/06 - 179 minutos/0 golos
Lourenço 2003/04 - 481 minutos/0 golos
Nota – No primeiro quadro verifica-se quais foram os parceiros ao lado dos quais Liedson fez mais golos. No segundo, vê-se quais foram os que fizeram mais golos ao lado de Liedson. São contabilizados apenas os jogos da Liga portuguesa e os minutos jogados ao lado de Liedson.
Jogador Épocas Um golo a cada Totais
João Pinto 2003/04 30 minutos 30 minutos/1 golos
Lourenço 2003/04 69 minutos 481 minutos/7 golos
Pinilla 2004/05 a 2005/06 81 minutos 484 minutos/6 golos
Sá Pinto 2003/04 a 2005/06 94 minutos 1223 minutos/13 golos
Douala 2004/05 a 2005/06 128 minutos 1669 minutos/13 golos
Derlei 2007/08 135 minutos 269 minutos/2 golos
Bueno 2006/07 142 minutos 710 minutos/5 golos
Yannick 2006/07 a 2007/08 153 minutos 917 minutos/6 golos
Koke 2005/06 179 minutos 179 minutos/1 golos
Niculae 2003/04 a 2004/05 216 minutos 865 minutos/4 golos
Silva 2003/04 237 minutos 1423 minutos/6 golos
Alecsandro 2006/07 239 minutos 959 minutos/4 golos
Deivid 2005/06 a 2006/07 272 minutos 1362 minutos/5 golos
Purovic 2006/07 375 minutos 750 minutos/2 golos
Mota 2004/05 - 101 minutos/0 golos
Danny 2004/05 - 60 minutos/0 golos
Paez 2007/08 - 46 minutos/0 golos
Varela 2005/06 - 34 minutos/0 golos
Celsinho 2007/08 - 7 minutos/0 golos
E OS MAIS EFICAZES
Jogador Épocas Um golo a cada Totais
Alecsandro 2006/07 120 minutos 959 minutos/8 golos
Sá Pinto 2003/04 a 2005/06 175 minutos 1223 minutos/7 golos
Bueno 2006/07 178 minutos 710 minutos/4 golos
Deivid 2005/06 a 2006/07 227 minutos 1362 minutos/6 golos
Pinilla 2004/05 a 2005/06 242 minutos 484 minutos/2 golos
Derlei 2007/08 269 minutos 269 minutos/1 golo
Silva 2003/04 284 minutos 1423 minutos/5 golos
Douala 2004/05 a 2005/06 334 minutos 1669 minutos/5 golos
Purovic 2006/07 375 minutos 750 minutos/2 golos
Niculae 2003/04 a 2004/05 433 minutos 865 minutos/2 golos
Yannick 2006/07 a 2007/08 459 minutos 917 minutos/2 golos
Celsinho 2007/08 - 7 minutos/0 golos
João Pinto 2003/04 - 30 minutos/0 golos
Varela 2005/06 - 34 minutos/0 golos
Paez 2007/08 - 46 minutos/0 golos
Danny 2004/05 - 60 minutos/0 golos
Mota 2004/05 - 101 minutos/0 golos
Koke 2005/06 - 179 minutos/0 golos
Lourenço 2003/04 - 481 minutos/0 golos
Nota – No primeiro quadro verifica-se quais foram os parceiros ao lado dos quais Liedson fez mais golos. No segundo, vê-se quais foram os que fizeram mais golos ao lado de Liedson. São contabilizados apenas os jogos da Liga portuguesa e os minutos jogados ao lado de Liedson.
Mobilidade é uma arma
Os parceiros que mais convieram a Liedson nos quatro anos e meio que leva no Sporting foram todos jogadores que se destacavam pela mobilidade. Mesmo que tiremos do lote João Pinto, que na época de estreia do “Levezinho” jogou apenas 30 minutos a seu lado como ponta-de-lança, verifica-se que os jogadores que mais fizeram render Liedson foram Lourenço, Pinilla (surpresa!), Sá Pinto, Douala e Derlei. Purovic tem a pior média entre todos os que passaram pelo menos dois jogos inteiros ao lado do melhor goleador leonino, sendo secundado neste aspecto por outros atacantes mais posicionais, como Deivid, Alecsandro, Silva, Niculae e Koke.
Embora os números de Pinilla possam ser inflaccionados pelo facto de ter jogado ao lado de Liedson na época em que o Sporting mais produziu ofensivamente – 2004/05, em que o “Levezinho” fez 25 golos – é evidente a tendência para o brasileiro marcar mais quando tem a seu lado outros jogadores móveis. E neste aspecto repara-se que Yannick surge pior colocado do que Lourenço ou Douala, dois jogadores que o Sporting desprezou numa altura em que tinha com eles contrato. Talvez a explicação se encontre no segundo gráfico, onde se mostram os jogadores que mais golos marcaram ao lado de Liedson: Lourenço não marcou um único golo enquanto fazia dupla de pontas-de-lança com o brasileiro, enquanto que Douala também aparece fora do “top”, pois precisava de quase quatro jogos inteiros para levar a bola ao fundo das redes.
Nesse aspecto, o que se percebe mal é a dispensa de Alecsandro que, ao lado de Liedson, marcou quase um golo por jogo e formou, com Deivid, o lote dos poucos que marcaram mais do que o Levezinho enquanto coexistiram em campo.
Os parceiros que mais convieram a Liedson nos quatro anos e meio que leva no Sporting foram todos jogadores que se destacavam pela mobilidade. Mesmo que tiremos do lote João Pinto, que na época de estreia do “Levezinho” jogou apenas 30 minutos a seu lado como ponta-de-lança, verifica-se que os jogadores que mais fizeram render Liedson foram Lourenço, Pinilla (surpresa!), Sá Pinto, Douala e Derlei. Purovic tem a pior média entre todos os que passaram pelo menos dois jogos inteiros ao lado do melhor goleador leonino, sendo secundado neste aspecto por outros atacantes mais posicionais, como Deivid, Alecsandro, Silva, Niculae e Koke.
Embora os números de Pinilla possam ser inflaccionados pelo facto de ter jogado ao lado de Liedson na época em que o Sporting mais produziu ofensivamente – 2004/05, em que o “Levezinho” fez 25 golos – é evidente a tendência para o brasileiro marcar mais quando tem a seu lado outros jogadores móveis. E neste aspecto repara-se que Yannick surge pior colocado do que Lourenço ou Douala, dois jogadores que o Sporting desprezou numa altura em que tinha com eles contrato. Talvez a explicação se encontre no segundo gráfico, onde se mostram os jogadores que mais golos marcaram ao lado de Liedson: Lourenço não marcou um único golo enquanto fazia dupla de pontas-de-lança com o brasileiro, enquanto que Douala também aparece fora do “top”, pois precisava de quase quatro jogos inteiros para levar a bola ao fundo das redes.
Nesse aspecto, o que se percebe mal é a dispensa de Alecsandro que, ao lado de Liedson, marcou quase um golo por jogo e formou, com Deivid, o lote dos poucos que marcaram mais do que o Levezinho enquanto coexistiram em campo.
Publicado em "O Jogo", 16/01/2008
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