O que dizer de um clube que anda afundado na segunda metade da tabela da Premier League e que, para regressar aos dias de glória, contrata um treinador que estava parado há três anos e meio? O que dizer de um treinador que, em três anos e meio de desemprego, diz ter visto apenas um jogo de futebol e que, no dia em que regressa ao activo, fala abertamente sobre o homem que acredita poder suceder-lhe? E, no entanto, tudo faz sentido quando se diz que falamos do Newcastle e de Kevin Keegan: do clube que não ganha nada há quase 40 anos mas cujos adeptos mantém intacta a mania de grandeza e do mais populista dos treinadores ingleses.
À chegada a St. James’s Park, a meio da semana, Keegan teve um impacto imediato: limitou-se a sentar-se numa das cadeiras da frente no desempate da Taça de Inglaterra, contra o Stoke City e, só pelo acto, levou 10 mil adeptos ao estádio. Billy Furious, escritor e adepto do Newcastle, brincou com a situação e, num artigo encomendado pelo “Sunday Times”, comparou o efeito do seu acto de se sentar ao de Rosa Parks, a famosa activista negra norte-americana que fez história por se recusar sentar-se na parte de trás de um autocarro, onde teriam de viajar os da sua raça. Mas, ao contrário de Parks, Keegan nunca diz que não. E ao contrário de Furious, está a falar a sério.
Mike Ashley, dono do clube, pede-lhe um troféu nos próximos três anos e, insensível ao facto de o clube não ganhar rigorosamente nada desde a Taça das Feiras em 1969, Keegan disse que sim. É certo que lhe deram uma bolsa com 65 milhões de euros para gastar já no mercado de Janeiro e que se fala nas aquisições de um lateral (Micah Richards, Wes Brown, Wayne Bridge ou Nick Shorey), de um central (Sol Campbell) e de um médio (Michael Carrick). Mas Keegan já tinha dito o mesmo a Freddy Shepherd, o anterior dono do Newcastle, quando este o contratou, em 1992, para suceder a Osvaldo Ardilles e devolver o clube ao escalão principal. Keegan, que estava fora do futebol, de férias em Espanha, desde a sua despedida como jogador – deixou St. James’s Park de helicópero, ainda equipado, no final do seu último jogo, em 1984 – subiu de divisão e ali conseguiu um terceiro e um segundo lugares, ficando sempre na sombra do Manchester United e saindo em Janeiro de 1997.
Perdedor? Sim. Mas a equipa ficou no coração dos adeptos, que lhe gabavam o estilo e lhe chamavam “The Entertainers”. “Para as pessoas daqui, que trabalharam toda a semana, ir ver o Newcastle é quase como para os do sul ir ao teatro. Querem sobretudo algo que valha a pena ver. Não querem jogos de 1-0”, disse Keegan, ainda um exímio manipulador de corações. Foi por isso, aliás, que acabou com uma zanga de 18 meses com o preferido das bancadas, o ex-goleador Alan Shearer, que actualmente faz comentários para a Sky Sports, e o convidou para integrar a estrutura que está a montar, dede logo o anunciando como seu putativo sucessor.
À chegada a St. James’s Park, a meio da semana, Keegan teve um impacto imediato: limitou-se a sentar-se numa das cadeiras da frente no desempate da Taça de Inglaterra, contra o Stoke City e, só pelo acto, levou 10 mil adeptos ao estádio. Billy Furious, escritor e adepto do Newcastle, brincou com a situação e, num artigo encomendado pelo “Sunday Times”, comparou o efeito do seu acto de se sentar ao de Rosa Parks, a famosa activista negra norte-americana que fez história por se recusar sentar-se na parte de trás de um autocarro, onde teriam de viajar os da sua raça. Mas, ao contrário de Parks, Keegan nunca diz que não. E ao contrário de Furious, está a falar a sério.
Mike Ashley, dono do clube, pede-lhe um troféu nos próximos três anos e, insensível ao facto de o clube não ganhar rigorosamente nada desde a Taça das Feiras em 1969, Keegan disse que sim. É certo que lhe deram uma bolsa com 65 milhões de euros para gastar já no mercado de Janeiro e que se fala nas aquisições de um lateral (Micah Richards, Wes Brown, Wayne Bridge ou Nick Shorey), de um central (Sol Campbell) e de um médio (Michael Carrick). Mas Keegan já tinha dito o mesmo a Freddy Shepherd, o anterior dono do Newcastle, quando este o contratou, em 1992, para suceder a Osvaldo Ardilles e devolver o clube ao escalão principal. Keegan, que estava fora do futebol, de férias em Espanha, desde a sua despedida como jogador – deixou St. James’s Park de helicópero, ainda equipado, no final do seu último jogo, em 1984 – subiu de divisão e ali conseguiu um terceiro e um segundo lugares, ficando sempre na sombra do Manchester United e saindo em Janeiro de 1997.
Perdedor? Sim. Mas a equipa ficou no coração dos adeptos, que lhe gabavam o estilo e lhe chamavam “The Entertainers”. “Para as pessoas daqui, que trabalharam toda a semana, ir ver o Newcastle é quase como para os do sul ir ao teatro. Querem sobretudo algo que valha a pena ver. Não querem jogos de 1-0”, disse Keegan, ainda um exímio manipulador de corações. Foi por isso, aliás, que acabou com uma zanga de 18 meses com o preferido das bancadas, o ex-goleador Alan Shearer, que actualmente faz comentários para a Sky Sports, e o convidou para integrar a estrutura que está a montar, dede logo o anunciando como seu putativo sucessor.
Publicado em "O Jogo", 22/01/2008
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