Apesar de ter tido algumas ocasiões de golo e de – pelo menos nos primeiros 20 minutos – ter chegado com frequência à baliza de Ricardo, bem pode dizer-se que o Aves estacionou o autocarro frente à área de Nuno e só autorizou cinco jogadores a apearem-se de vez em quando: Pedro Geraldo, Jorge Ribeiro, Leandro, Futre e Hernâni. Numa equipa onde defender foi a palavra-chave, só estes homens totalizaram mais lances de posse de bola do que intervenções defensivas.
Elementos houve, como William, que nem queriam ter a bola nos pés: a primeira vez que alguém deu a bola ao defesa camaronês – e que ele logo despachou longa, para a bancada – foi aos 62’ e o autor da distracção foi Jorge Ribeiro. Feitas as contas, só 5 das 25 intervenções de William não foram para defender. Números semelhantes aos de Anilton, que apareceu como lateral-direito mas só teve a bola para lá do meio-campo três vezes em todo o desafio, pois tinha como incumbência seguir um dos pontas-de-lança do Sporting. Mesmo assim, à conta dos lançamentos laterais, Anilton ainda equilibrou os passes com as recuperações (22-22). Algo que não puderam fazer Sérgio Nunes (13 passes, 27 recuperações e uma falta), William (5-20-0), Filipe Anunciação (18-32-3) ou Mércio (20-23-4), mas que foi permitido a Pedro Geraldo (24-20-4) ou Jorge Ribeiro (30-10-1).
O foco do jogo do Aves era não deixar o Sporting jogar e isso foi conseguido. Com bola, a equipa optava sempre pela saída longa: não que fosse eficaz (a primeira vez que Nuno deu uma bola jogável foi aos 44’, porque a entregou à mão) mas porque assim ela ficava mais longe da baliza e porque os jogadores do Aves foram sempre muito mais fortes que os do Sporting nas segundas bolas. O jogo recomeçava, assim, em Filipe Anunciação, o principal recuperador avense, mas o objectivo era fazer ataque rápido pela direita (onde Leandro partia muito de trás, para compensar o desvio de Anilton para zonas interiores) ou ataque planeado pela esquerda, onde Pedro Geraldo podia sair ele próprio ou tabelar com Jorge Ribeiro. O destino era sempre o mesmo: dar a bola a Futre, o jogador que mais perto esteve de marcar.
ANUNCIAÇÃO
Campeão das recuperações
Foi enorme a prestação defensiva de Filipe Anunciação em Alvalade. É certo que do ponto de vista posicional nem sempre esteve bem, pois deixou-se levar pelo “10” leonino para muito perto dos centrais (11 recuperações na área e apenas 7 no meio-campo ofensivo), mas não pode menosprezar-se quem rouba 32 bolas ao adversário em 90 minutos de jogo. A principal preocupação de Anunciação era mesmo impedir o Sporting de jogar, pelo que nunca se coibiu de chutar a bola para a bancada (só um terço das suas recuperações originou entregas de bola a companheiros). Contudo, ninguém como ele conseguiu ligar a equipa: ao todo,
FUTRE
A baliza nos olhos
Foi dos pés de Artur Futre que saíram quase todos os remates feitos pelo Aves em Alvalade, como foi ele o único a tocar a bola dentro da área de Ricardo, num remate em antecipação a Caneira. No esquema inicial de Neca, alternou o centro e a esquerda com Hernâni, mas aparecia frequentemente à direita, a aproveitar o recolhimento de Leandro. Foi, aliás, desse lado, que chutou cinco vezes, todas ao lado das redes leoninas. Do lado esquerdo, privilegiava o serviço aos companheiros: acertou três passes na face esquerda do ataque, um deles uma assistência para uma conclusão de Jorge Ribeiro, contra nenhum na direita.
Publicado em Record, 28/2/2007
sexta-feira, 2 de março de 2007
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