Em Barcelona, vive-se uma variante da era dos galácticos que mais parece uma novela mexicana. A vertiginosa descrição dos últimos acontecimentos bem podia figurar num daqueles resumos que as revistas de especialidade publicam antes de os episódios irem para o ar. Eto’o recusa-se a entrar por uns minutos num jogo; Rijkaard chateia-se e expõe a situação em público, fora do balneário; Ronaldinho intervém e manda recado a Eto’o, dizendo que ele tem de pensar mais no grupo; Eto’o zanga-se com Ronaldinho e com Rijkaard; Thiago Motta pede a Eto’o e Ronaldinho para se abraçarem frente aos fotógrafos, mas Deco não fica convencido; Rijkaard anuncia que afinal de contas não se vai embora do clube no final da época conforme todos esperavam, e fá-lo antes de um jogo importante, em Valência; Deco é expulso nesse jogo e a equipa perde, deixando-se igualar pelo Sevilha no topo da tabela. Uff! Tudo isto aconteceu numa semana.
Em Madrid, embora mais espalhado no tempo, o drama é semelhante. Capello chega para acabar com a boa vida dos galácticos; o mau futebol da equipa começa por lhe tirar margem de manobra, mas são os maus resultados que o deixam em sérias dificuldades; Beckham decide romper com a paz podre e anuncia que vai viver para Los Angeles com a sua “Spice”; o treinador mete-o de castigo; Cassano é apanhado a dizer mal do treinador por uma câmara oculta e o treinador também o mete de castigo; os resultados não melhoram e o treinador perdoa Beckham, que no entanto é expulso de forma infame em mais um jogo decepcionante; fala-se também no perdão a Cassano, mas uma rádio surpreende ao dizer que o treinador se demitiu imediatamente antes de um jogo da Liga dos Campeões; o clube desmente. E, já depois de eu escrever, toda a gente terá ido ao Bernabéu, quanto mais não seja para ver se Capello se senta no banco ou não.
Em Itália, arrumada a questão da corrupção com a brevidade que se impunha, discutem-se os golos de Ronaldo. Se olharmos para Inglaterra, ficamos a saber que Cristiano Ronaldo passou a fazer parte do lote dos jogadores mais mediáticos do Mundo, onde já estava Rooney, ou que os futebolistas do Liverpool armaram confusão no estágio no Algarve, portando-se como “hooligans”. O Chelsea destoa, porque o que anda nas notícias é o enésimo exercício anual fechado com prejuízo (desta vez superior a 100 milhões de euros) pelo clube no qual Abramovich não se importa de perder uns trocos da sua fortuna pessoal. Mas até isso tem o seu charme.
Em Portugal, as notícias de desporto têm a ver com o passaporte de José Veiga ou o que ele vai fazer quando o juiz lho devolver, com os contratos paralelos que este acusa a administração do Sporting de fazer ou os avanços da investigação do “Apito Dourado”. Há quem diga que isto não é notícia ou pelo menos aja em conformidade. Discordo. É notícia e de grande importância. Deveria era resolver-se rapidamente para que o palco fosse de novo ocupado por quem, até nos desvarios tele-novelescos, ajuda a encher os estádios.
Publicado em Sábado, 21/2/2007
sexta-feira, 2 de março de 2007
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