sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Selecção em tom azul

Selecção em tom azul

A superioridade manifestada pelo FC Porto na primeira parte da época leva a que uma selecção da Liga tenha naturalmente uma clara superioridade de jogadores às ordens de Jesualdo Ferreira. Neste exercício, tão subjectivo como outro qualquer, são cinco no onze titular. Isso e o facto de no onze apenas caber um jogador que não pertença aos três grandes, deveria merecer a reflexão de quem devia ter por missão estimular a competitividade do campeonato.
Mas vamos então, um por um, aos seleccionados:
Guarda-redes: Helton (FC Porto) – Lidera a defesa menos batida da Liga, com oito golos sofridos, e manteve as redes invioladas em oito dos seus 14 jogos. Elástico, tão bom entre os postes como a desfazer cruzamentos, chegou à selecção do Brasil.
Defesa-direito: Nelson (Benfica) – Não é um portento a defender, mas tornou-se uma das maiores armas ofensivas do Benfica, com três assistências (e outra na Champions) e um penalti sofrido. Cruza bem e não tem medo de procurar a linha de fundo.
Defesa-central: Pepe (FC Porto) – No início da época, teve de habituar-se a voltar a jogar com um companheiro ao lado, mas depressa entrou nos eixos. Seguro e imponente a defender, fez três golos em lances de bola parada nos últimos cinco jogos.
Defesa-central: Polga (Sporting) – Um dos que melhor aproveitou a entrada de Paulo Bento. Com o recuo do bloco defensivo passou a jogar mais atrás e voltou a ser o defesa de classe que chegou a jogar na selecção brasileira. Faltam-lhe golos.
Defesa-esquerdo: Tello (Sporting) – Escolha surpreendente, destinada a premiar a forma inteligente como se move e a qualidade dos seus cruzamentos da meia-esquerda. Fez um golo de livre e ofereceu cinco aos colegas.
Médio-direito: Zé Pedro (Belenenenses) – É, quase sozinho, o ataque do Belenenses. Graças à criatividade, à potência e colocação do seu pé esquerdo, fez seis e deu três dos 15 golos marcados pela equipa de Jesus até agora.
Médio-centro: Moutinho (Sporting) – De todas as posições que ocupou no losango leonino, esta é a que mais lhe convém. Porque é intenso, inteligente e preciso a distribuir, forte de cabeça e a desarmar. Um motor com três assistências.
Médio-esquerdo: Lucho González (FC Porto) – Menos vistoso que na época passada, manteve o nível elevado nas recuperações defensivas e recomeça a mostrar a meia-distância: já fez quatro golos (e outros três na Champions).
Extremo-direito: Quaresma (FC Porto) – O melhor jogador da primeira metade da época. Imaginativo, imprevisível nos dribles ou na altura de cruzar, leva cinco golos marcados e 10 assistências. A anos-luz da concorrência.
Avançado-centro: Postiga (FC Porto) – Fez mais golos neste meio-campeonato (dez) que nas últimas três épocas. Único com cinco jogos seguidos a marcar, fez golos de todas as maneiras: quatro de pé direito, quatro de pé esquerdo e dois de cabeça.
Extremo-esquerdo: Simão (Benfica) – Viu a falta de pré-época prejudicar-lhe os primeiros jogos, mas entretanto subiu de nível e re-inventou a posição10: é um 10 a jogar nas alas, que já fez cinco golos e deu outros tantos.
Suplentes: Ricardo (Sporting), porque manteve oito vezes as redes invioladas. Rodrigo Alvim (Belenenses) por ser o pulmão do lado esquerdo da sua equipa. Paulo Jorge (Braga) por transformar a sua equipa tanto defensiva como ofensivamente. Katsouranis (Benfica) pela presença física e a capacidade para chegar a situações de conclusão. Nani (Sporting) pelo que mostrou no início do campeonato, antes da quebra. Sougou (U. Leiria) por ter estado em mais de metade dos golos da sua equipa. E Linz (Boavista) por ser um finalizador de excepção.


DÚVIDAS LEGÍTIMAS
Porque insiste Paulo Bento em Bueno?
Porque, apesar de ser muito pior finalizador do que Alecsandro (e isso reflete-se no seu total de golos), o treinador vê nele méritos que não reconhece ao brasileiro: Bueno é mais eficaz no pressing defensivo, procura mais as linhas laterais no último terço do campo e assim permite que Liedson apareça com mais frequência na área.

Porque recomeçou Liedson a fazer golos?
Primeiro, porque a equipa voltou a dar-lhe bolas de golo: rematou 11 vezes entre V. Setúbal e Académica e é preciso ir buscar mais cinco jogos para encontrar igual número de finalizações (0 com Benfica, 4 na Naval, 2 no Marítimo, 1 com Braga e 4 no Beira Mar). Depois, porque os golos trazem confiança, que traz mais golos.

Quem sai da equipa do Benfica para entrar Rui Costa?Em condições normais, Nuno Assis é o jogador com mais aspectos em comum: bom no transporte de bola, nos movimentos diagonais, fica a perder na clarividência e no último passe. Mas a troca obrigará a mais atenção nas coberturas por parte de Petit, Katsouranis e até Simão, que terá a missão de dar largura ao ataque.

Publicado em Record Dez, 23/12/2006

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