Foi graças ao empenho nas tarefas defensivas que o Varzim eliminou o Benfica da Taça de Portugal. Diamantino Miranda colocou a equipa num 4x4x2 onde, sem bola, os dois atacantes recuavam para ocupar posições nas alas, assim bloqueando os laterais encarnados. Ao mesmo tempo, o meio-campo disposto em losango inibia o Benfica de brilhar no jogo interior e deixava o desafio num impasse dependente de uma das poucas vezes em que o Varzim chegasse perto da baliza de Quim.
Mendonça foi o homem do jogo: esteve nos dois golos e não deixou de defender. 21 das 61 intervenções do angolano ocorreram no meio-campo defensivo, enquanto Denilson registou 15 em 52 intervenções atrás da linha média. Daí que os dois atacantes tenham conseguido, ao todo, 19 recuperações de bola, quatro delas no meio-campo do Benfica. Em termos atacantes, os dois também divergiam: Mendonça optava quase sempre pela progressão individual em drible; Denilson, que era o destinatário preferido das saídas de bola longa do guarda-redes Ricardo, preferia jogar de costas para a baliza e segurar a bola sem progressão, à espera de uma tabela.
Se o processo ofensivo simples não resultava (Ricardo só colocou jogáveis 12 das 32 bolas longas), havia sempre a hipótese de recuperação de uma segunda bola a meio-campo. O menor rendimento defensivo de Nuno Rocha (oito recuperações, contra 17 de Emanuel e 24 de Tito) levou a que o Varzim escolhesse sobretudo a direita para atacar: Pedrinho tocou 90 bolas, contra 50 de Nuno Ribeiro. E os dois eram os únicos defesas a participar no processo de construção – Pedro Santos entregava as bolas longas e Alexandre concentrou-se tanto na marcação a Nuno Gomes que 19 das suas 27 intervenções foram de cariz defensivo (18 recuperações e uma falta).
Depois, enquanto Pedrinho optava por entregar a bola ao extremo do seu lado (quase sempre Mendonça) ou a Emanuel, Nuno Ribeiro, traído pela falta de pé esquerdo, solicitava sobretudo Marco Cláudio, ao centro. Nuno Rocha, que só apareceu quando o Benfica trocou o 4x4x2 pelo 4x3x3 e lhe deu mais espaço para jogar (26 das suas 38 intervenções ocorreram após o intervalo), esteve sempre dependente de Tito, o segundo melhor recuperador da equipa (24 bolas roubadas, contra 29 de Pedrinho).
MARCO CLÁUDIO
Um 10 a todo o terreno
A Marco Cláudio, pedia-se que fechasse ao meio, pressionando a saída de bola do Benfica, que recuasse para vir buscar jogo e que aparecesse perto da área, a assistir os avançados. Das três tarefas, o médio completou as duas primeiras de forma exemplar. Conseguiu nove recuperações de bola, seis das quais no meio-campo ofensivo e três nos últimos 30 metros (só Tito foi melhor). Foi exemplar no primeiro passe, raramente falhando uma entrega em zonas recuadas: as execpções foram um passe de risco para Mendonça e duas recepções falhadas. Contudo, à excepção de um livre lateral, não acertou um cruzamento para a área e nunca fez uma assistência para remate.
MENDONÇA
Onze faltas, onze
Mendonça não foi o homem mais em jogo, mas foi o homem do jogo. Fez o cruzamento que Nelson introduziu na própria baliza e, na segunda parte, marcou de cabeça o golo que eliminou o Benfica. E além disso, fruto da forma como jogou (quando recebia a bola, optava quase sempre pela progressão em drible), acabou massacrado pelos jogadores do Benfica, que sobre ele cometeram onze faltas (oito na ala direita do ataque, uma no flanco esquerdo e duas ainda na saída dos contra-ataques, no seu próprio meio-campo). Sintomático dos quilómetros que correu é o facto de 10 das suas onze recuperações de bola também terem sido conseguidas no seu próprio meio-campo.
Publicado em Record, 14/2/2007
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário